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Se você é um profissional, um curioso ou um apaixonado pela área aproveite o nosso material e, antes de ir, deixe a sua contribuição para crescermos juntos.

domingo, 24 de abril de 2011

O técnico e o gerente!

O gerente de projetos é o responsável pelo fracasso de um projeto, e toda a equipe do projeto é a responsável pelo seu sucesso.

A partir desta frase podemos refletir sobre diversas situações, responsabilidades e ações de todos os envolvidos com um projeto. Com ela eu também gostaria de homenagear um técnico de sucesso que levou a sua equipe a conquista de um título nacional em seu esporte.

Foto retirada do site da UOL. Clique aqui para ver a foto e a matéria associada.
Giovane Gávio técnico do time de volei do SESI-SP, como pode ser visto na foto acima, comandou a sua equipe rumo ao título da superliga nacional em 2011. Será que podemos dizer que ele gerenciou a sua equipe?

Podemos sim, e na minha opinião é um ótimo exemplo para explicar a frase que eu iniciei este post.

No esporte, o técnico tem uma grande responsabilidade e atua como gerente boa parte do tempo, contratando os jogadores certos para as posições apropriadas, escalando a equipe corretamente para cada jogo, montando a estratégia para cada adversário, além de dirigir, facilitar, motivar, incentivar, coordenar e controlar a sua equipe durante todo um campeonato. É ou não é um gerente?

Hoje mesmo me lembraram que os técnicos de futebol na europa são chamados e contratados como managers.

Giovane sabe muito bem da cobrança que há sobre os técnicos no Brasil e no mundo, quando os times que comandam são derrotados vêem as críticas, as pressões e até as demissões, porque no esporte realmente é levado muito a sério a questão levantada inicialmente, onde os gerentes (técnicos) são os responsáveis pelo fracasso de um projeto, que no caso dos esportes em equipe, são os campeonatos.

Por outro lado o técnico não é tão aclamado quando o seu time é campeão e obtêm o sucesso do projeto que era a conquista de um título. O técnico é muitas vezes considerado como apenas mais um da equipe, e mais um dos responsáveis pelo sucesso, e não o único responsável. Onde também se enquadra muito bem a questão inicial, onde toda a equipe é a responsável pelo sucesso do projeto.

O recado que pretendo deixar é para que estes exemplos do esporte também sejam levados aos projetos comuns, pois muitas vezes o gerente é o único que leva a "fama" de um projeto bem sucedido, e muitas outras vezes membros da equipe são prejudicados e até punidos com a demissão pelo fracasso de um projeto, mas onde estava o gerente do projeto quando o membro da equipe cometeu o erro que levou o projeto ao fracasso?

Para terminar desejo sucesso aos nossos técnicos brasileiros nas mais diversas modalidades esportivas, e também aos nossos gerentes de projetos nas mais variadas áreas.

Façam como os técnicos vencedores, pratiquem, experimentem, ousem, mas também escutem, estudem, aprendam e se preparem, além é claro, de se armarem com os melhores em cada posição, buscando sempre o sucesso de seus projetos e podendo comemorar na entrega, como a equipe da foto abaixo.

Foto retirada do site da UOL. Clique aqui para ver a foto e a matéria associada.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cadê o gerente?

Este é o primeiro capítulo da série de posts que vou entitular de "Cadê o gerente". O objetivo será mostrar exemplos de diversos tipos de falhas ocorridas em projetos reais. Espero que gostem, e que principalmente provoque discussões e reflexões sobre o que é gerenciamento de projetos, e especialmente qual é o papel do gerente de projetos.

Durante as últimas reformas da Catedral de Florianópolis, foi construído um acesso de cadeirantes. Quando pensamos nestes acessos especiais e exclusivos, pensamos logo em caminhos para facilitar, melhorar e permitir o acesso a locais antes inacessíveis ou de difícil acesso.

Bom, parece que o objetivo inicial do projeto de instalação de um elevador de cadeirantes, para acesso à Catedral de Florianópolis era este, porém ao vermos a foto abaixo, tirada esta semana após a conclusão da obra, podemos ver que o projeto não foi muito bem sucedido.

Foto: ClickRBS - Clique aqui para ver a matéria
Cadê o gerente deste projeto? Podemos ver em apenas uma foto, um poste na frente da rampa de acesso, e uma dúvida que me veio rapidamente a cabeça: "Para que a rampa se instalaram um elevador?".

Facilmente podemos identificar algumas falhas de planejamento, como por exemplo:
  • Se havia um poste ali, porque não foi feito o acesso em outro local?
  • Se o melhor local para o acesso era este e foi acordado a retirada do poste, o que houve que o poste ainda continua ali?
  • A rampa não é muito inclinada para um acesso de cadeirante? Um idoso cadeirante conseguiria subir esta rampa sozinho? Ou a rampa foi feita apenas para cadeirantes acompanhados por alguém os empurrando?
  • Ao descer a rampa não há risco de descer muito rápido ee bater no poste ou sair para a rua que está bem próxima?
Poderíamos ficar um bom tempo listando falhas evidentes, e até outras não tão evidentes, mas eu gostaria de encerrar com algumas ações que poderiam ter sido executadas durante o planejamento e execução do projeto, mitigando ou até evitando estas falhas.
  1. Identifique todos os interessados, e converse com eles, levante as possíveis dificuldades do projeto e valide algumas opções com estas partes. Tente pensar como o usuário final do produto, se não conseguir, peça opinião ao usuário final.
  2. Identifique, gerencie e tome ações para mitigar os riscos do seu projeto. Antecipe possíveis riscos, não conte com a sorte ou com o controle de terceiros, controle você.
  3. Gerencie os custos do seu projeto, e pense também nos custos do produto. Será que foi economia fazer aquela rampa? E os benefícios futuros do produto, e a rejeição da população, e o marketing negativo, e a possibilidade de futuros acidentes? Tudo isso deve ser considerado no custo, não só do projeto, mas do ciclo de vida do produto como resultado do projeto.
É isso pessoal, espero que tenham gostado deste primeiro espisódio da séria "Cadê o gerente?". E eu termino perguntando: "Será que este projeto tinha um gerente definido?", e até mesmo "Será que todos os projetos deveriam ter a figura de um gerente?".

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Conferência - parte 5/5

Na última parte do evento, recebemos o brasileiro Alonso Mazini Soler, que palestrou sobre a Aplicação do método da corrente crítica, na corrida da São Silvestre 2010.

O estudo de caso demonstrado foi muito interessante, curioso e ainda conseguiu incentivar os participantes a pensarem na melhoria da qualidade de vida, e aplicarem o gerenciamento de projetos em áreas mais comuns do nosso cotidiano, e não só na vida profissional.

Alonso, sempre foi praticante de esportes como corrida e trekking, e resolveu no ano de 2010 participar da corrida de São Silvestre em São Paulo. Porém, não foi simplesmente para correr, decidiu montar uma equipe de projeto e trabalhar na aplicação do método de corrente crítica (CCPM - Critical Chain Project Management) para atingir o objetivo da prova de rua mais famosa do Brasil.

Eles montaram uma sala de controle nas proximidades da avenida paulista, com toda a infraestrutura necessária para manterem uma comunicação com o Alonso durante os treinos, e ainda transmitirem via internet os resultados obtidos durante o estudo.

Alonso frisou que o objetivo da corrente crítica é fazer com que se atinja o objetivo do cronograma estipulado, e se for possível antecipar o prazo estimado. E foi este o objetivo definido para o projeto da corrida.

O tempo estimado por eles, baseado nas experiências anteriores do Alonso, foi de 01h44m. No entanto, este prazo seria o caminho crítico, sem folgas ou pulmões. Ao aplicarem a CCPM, o prazo de conclusão da prova passou para 52m, com um pulmão também de 52m.

Após o planejamento, e as execuções das etapas de treino, inclusive com os testes de todos os equipamentos tecnológicos estipulados, o dia da prova foi um sucesso. Além de cumprir a corrida, Alonso conseguiu realizar a prova em 1h25m, 19 minutos abaixo do tempo inicialmente estimado, e ainda com uma reserva de pulmão.

Muitos podem dizer que foi questão de sorte, mas com certeza se analisarmos do ângulo de gerenciamento de projetos, podemos ver as aplicações que levaram a equipe a atingir os objetivos. Houve planejamentos, treinos, testes, e uma execução muito bem controlada, e toda a prova foi transmitida em tempo real para os seguidores do Alonso no Twitter, que até conseguiam sugerir estratégias, e estas chegavam aos ouvidos do Alonso via telefone celular. Então será que foi mesmo sorte, ou o resultado de um bom planejamento realizado e executado?

Mais informações sobre esta aplicação do método CCPM podem ser conseguidos no grupo chamado "Corre GP" na comunidade do Facebook. Eu já sou um dos seguidores.

Como mensagem final, Alonso nos deixou o seguinte recado: "O método CCPM não resolve todos os problemas, mas permite acompanhar e tomar as ações corretivas para manter o projeto dentro do prazo."

Saindo da corrente crítica, fomos ouvir Ricardo Triana, membro do corpo diretivo do PMI-USA, palestrar sobre a Obtenção de resultados empresariais através do gerenciamento de projetos.

Com um sotaque divertido, Ricardo que apesar de não ser brasileiro, usou um português fluente e de fácil entendimento para nos afirmar que o gerenciamento de projetos não é necessário quando não temos cobranças, quando temos dinheiro sobrando e sempre, e quando temos tempo a vontade para a execução do projeto.

Onde podemos encontrar este local? Foi a pergunta que todos fizeram, inclusive o próprio Ricardo, e aproveito para deixá-la aqui em aberto.

Além disso, Triano nos falou sobre alguns dos desafios do gerenciamento de projetos, onde eu destaco os seguintes:
  • Equilíbrio entre recursos e cronograma;
  • Globalização e equipes virtuais;
  • Inovações e mudanças constantes;
  • Responsabilidade social;
  • Alinhamento entre projetos e programas com a estratégia da organização.
Para finalizar, ele nos contou uma história que vou tentar reproduzir abaixo:

Um jardineiro foi ao seu jardim e plantou várias plantas diferentes. Ao retornar ao seu jardim algum tempo depois, viu que suas plantas estavam mortas, e se aproximando do pinheiro perguntou:
  • "Pinheiro, porque morreu?", e o pinheiro respondeu:
  • "Por que você me plantou um pinheiro, e não queria ser um pinheiro, eu sou muito grande, eu queria ser uma pequena rosa".
O jardineiro achou muito estranho, e se dirigiu até a rosa, chegando lá percebeu que a rosa também havia morrido, e ao perguntar porque a rosa morreu, obteve a seguinte resposta:
  • "Por que você me plantou uma pequena rosa, com espinhos, e eu não queria ser uma rosa, eu queria ser um grande e forte carvalho".
O jardineiro achou tudo mais estranho ainda, e foi até o grande carvalho, chegando lá viu que a grande árvore também havia morrido, e não se contentando perguntou por que ele havia morrido, e o carvalho o respondeu:
  • "Por que eu não queria ser um forte carvalho, sou muito grande e sem movimento, queria ser um delicado jasmim".
O jardineiro mais uma vez estranhou tudo isso e antes de perder a esperança foi até o seu jasmim, chegando lá viu que o jasmim estava vivo, bonito e alegre, ao lhe perguntar o porque de não ter morrido, a flor respondeu:
  • "Por que você me plantou como um jasmim, e eu adoro ser um jasmim e sou muito feliz."
Todos nós rimos da história, e até nos perguntamos rapidamente o porque da narração, e o Ricardo concluíu que não devemos tentar ser o que não somos, e não devemos querer transformar as pessoas ao nosso redor em quem elas não são. Cada um tem o seu papel, a sua função, e se todos estiverem onde realmente devem e querem estar, serão felizes e atingiram o sucesso.

Com a responsabilidade de encerrar o ciclo de palestras, a executiva Graça Foster da Petrobrás, nos falou um pouco sobre o funcionamento dos projetos na Petrobrás e os grandes desafios da empresa.

A Petrobrás está trabalhando em novos projetos com parceiras como a portuguesa Galp e a espanhola Repsol. Nos últimos 10 anos investiou um montante de $188 bilhões em projetos, e já tem planejado investir outros $224 bilhões de 2010 à 2014, sendo 53% destes projetos da área de exploração e produção, inclusive o pré-sal.

Graça afirmou que com um cenário destes, é completamente impossível realizar estes projetos sem a aplicação de um gerenciamento de projetos eficiente. Todos os projetos da empresa são integrados e estruturantes, não há projetos isolados e desconectados na companhia, e seguir metodologias e boas práticas são imprescindíveies e praticamente obrigatório entre os GPs da Petrobrás.

Um dado impressionante, foi que ela afirmou que não há nenhum projeto na Petrobrás com VPL negativo, e isso para quem gosta de evidências, significa sucesso nos projetos.

Ela também nos deu exemplos de boas práticas realizadas na Petrobrás, que com certeza contribuem para o sucesso dos projetos, sendo que destaco algumas abaixo:
  • O corpo diretivo é alinhado com os mesmos pensamentos, práticas e padrões, sendo este pensamento unificado um dos segredos para atingir o objetivo estratégico da empresa.
  • Verificação diária dos marcos dos principais projetos, onde existe um "paredão" que todos visualizam as escorregas de prazo, que ficam em vermelho destacado.
  • Comunicação vertical e horizontal, mantendo rapidez e objetividade, não tendo frescura de hierarquia.
  • As verificações e a captura de status das obras, são realizada in loco, ela praticamente não utiliza a sua sala para reuniões, as reuniões são todas realizadas no local de execução das obras.
  • Curva S é a companheira inseparável.
  • Não deve haver mais de um coordenador ("dono") de uma mesma tarefa, "se não vai dar água".
Além destas práticas, ela citou uma em especial, que garantiu fazer uma diferença muito grande nos projetos que ela coordena. Todos os responsáveis por tarefas na empresa, possuem além de nome e telefone, uma foto, pois todos possuem um rosto, e este rosto precisa ser conhecido e as conversas e decisões precisam ser olho no olho. Graça coordena 8.000 pessoas, e destes, afirma ela, não mais que 200 são desconhecidos para ela.

Graça fechou dizendo que um gerente de projeto precisa "ter o olho vermelho", o famoso "sangue no olho", não pode ter aquele olhinho branquinho, calmo e cansado. Então fica ai a dica para todos que almejam cargos expressivos em gerenciamento de projetos em empresas como a Petrobrás, tenha sangue no olho, ou como dizem os bons paulistas, "é sangue no zóio".

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Reunionite" no projeto BR101

Eu gostaria de comentar um pouco sobre um problema ainda existente no mundo dos projetos, as reuniões improdutivas e disfuncionais que acarretam em perda de tempo, desmotivação da equipe e consequentemente, no atraso de entregas e até mesmo do projeto todo.

Esta "doença" dos projetos é também conhecida como "reunionite", e apesar de ter sintomas clássicos e largamente difundidos, muitas vezes o diagnóstico é lento e incorreto.

No último dia 12 de abril foi diagnosticado um caso grave de "reunionite". Vários membros do governo do Estado de Santa Catarina, mais precisamente o governador do estado, três senadores, 15 deputados federais, 14 estaduais, além de alguns prefeitos e vereadores foram até Brasília para uma reunião com o governo federal para receberem as datas importantes (marcos) do projeto de duplicação da rodovia BR101.

Somente após o início da reunião, com toda a comissão citada já em Brasília, é que ficaram sabendo que o principal influenciador da reunião, o ministro dos transportes, não estaria presente, nem tão pouco os dirigentes das empresas que estão executando as obras.

Lembrando que todos os envolvidos foram deslocados com o objetivo único de ouvir o ministro dos transportes divulgar as datas dos marcos mais importantes do projeto, a reunião foi totalmente improdutiva, e nenhum dos participantes precisaria ter se deslocado até o local agendado.

Este é um exemplo claro da falta de planejamento e da ausência de objetividade de reuniões, que além de não gerar valor agregado nenhum ao projeto, ainda gera desperdício de dinheiro, agravado pelo deslocamento de vários recursos que poderiam estar executando outras tarefas produtivas para o projeto.

O recado que deixo é para que tenhamos mais cuidado com as reuniões. Procure planejar bem a pauta da reunião, confirme com uma certa antecedência o comparecimento das pessoas chaves, vá preparado para a reunião e se a reunião não for gerar o valor esperado cancela-a antes de seu início, evitando com isso aumentar e prolongar o problema.

Outra dica é para as reuniões mais frequentes, semanais por exemplo, deve-se ter mais atenção para dois momentos, o início que é quando ainda não entramos no tema da reunião e podemos ter atrasos na espera de todos os participantes, e no fim, quando prolongamos assuntos já encerrados ou entramos em temas que não deviam ser discutados na reunião originalmente agendada.

A reunião é uma arma forte para o sucesso do projeto, mas também pode gerar fracassos se não for bem conduzida.

domingo, 10 de abril de 2011

A Conferência - parte 4/5

O último dia de palestras foi iniciado pelo argentino Pablo Lledó, falando sobre o tema "Dicas para um líder ágil".

Pablo abordou principalmente a questão do tempo gasto nos projetos, e a influência de não se gerenciar corretamente este tempo, causando perdas nos trabalhos realizados e com frequência não gerando valor aos projetos, clientes e organizações.

Ele reforçou a existência de três tempos a serem considerados, vamos entendê-los:
  • Tempo do calendário
    • É o tempo que define as horas do dia, que todos conhecemos por conter 24 horas.
  • Tempo de trabalho
    • É o tempo que aplicamos ao trabalho, normalmente a maioria das empresas utiliza 8 horas de trabalho por dia.
  • Tempo de valor agregado
    • É o tempo que efetivamente geramos ganhos aos nossos clientes e aos nossos projetos, é o tempo que realmente produzimos algo em função do objetivo do projeto.
A análise destes três tempos resulta em uma das maiores preocupações atuais da maiora dos gerentes de projetos, o desperdício do tempo. Pablo observou que, de acordo com pesquisas recentes, de 8 horas trabalhadas por dia, apenas 2 horas geram valor aos projetos. É um número assustador não é?

Estes números foram retirados principalmente de observações que todos nós podemos realizar em nossos ambientes de trabalho. É só retirarmos aquelas horas em que estamos em reuniões improdutivas, telefones extensos demais fazendo o papel de psicólogos com nossos clientes, compromissos marcados para uma determinada hora que começa 15 ou 30 minutos depois, aquela "navegada" rápida no site de notícia, o café estendido para uma conversa descomprometida, e por ai vai. Se retirarmos isso tudo da conta, e apenas somarmos as horas produzindo valor agregado aos projetos com certeza vamos obter números impressionantes.

O mais importante é destacarmos que o maior tempo perdido é aquele que realmente não percebemos, e justamente se torna o mais difícil de evitar. Abaixo seguem os problemas que tiveram maior destaque na palestra:
  • O primeiro é a reunionite. Muito tempo é perdido em reuniões, no início ficamos esperando todos chegarem; durante, perdemos o foco, falamos de vários assuntos que não tinham a ver com a pauta da reunião, e muitas vezes nem sabíamos ao certo qual era a pauta da reunião; e no final, enrolamos para terminar e voltarmos a rotina.
  • O segunda é a falta de objetividade. Muitas pessoas não sabem ir direto ao ponto quando precisam, dão voltas, comentam diversas coisas e assuntos paralelos, e só depois de algum tempo entram no assunto realmente desejado, e isso gera desperdício de tempo. Temos que tentar ser mais objetivos no momento de passar e pedir informações.
Diante destes problemas com o tempo, Pablo focou em alguns princípios básicos baseados no pensamento Lean, para sugerir formas de ganharmos pelo menos 10 minutos a mais por dia, o que geraria ao final de uma semana, quase 1 hora a mais de valor agregado aos nossos projetos. Parece pouco, mas se você relembrar os números acima, verá que não é tão pouco assim.

Destaco alguns dos mandamentos Lean* de Paul Leido, que são bem semelhantes a outras leis ágeis.
  1. Realize reuniões diárias de 10 minutos, ao invés de 1 reunião semanal de 1 hora.
  2. Tenha cuidado com a reunionite.
  3. Não reinvente a gestão de projetos, use os padrões já existentes.
  4. O caminho crítico é importante, mas observe também a corrente crítica.
  5. Evitar o desgaste excessivo dos profissionais, aposte em melhorar a qualidade de vida da equipe.
* O pensamento Lean foca na remoção do desperdício, e tem várias similaridades com o Scrum.

Seguindo a agenda castelhana do evento, seguimos com a palestra da uruguaia Liliana Buchtik, que abordou como tema uma das ferramentas mais importantes no gerenciamento de projetos, e que ainda é negligenciada e muitas vezes abandonada pelos gerentes, a WBS (Work Breakdown Structure), também conhecida em português como EAP (Estrutura Analítica do Projeto).

Com este enfoque, ela afirmou que esta negligência ou abandono se dá ao fato dos próprios gerentes não saberem a real utilidade da WBS, e em outras vezes confundirem a aplicação desta ferramenta com a de outros documentos do projeto, e erroneamente concluirem que a WBS é desnecessária ou repetitiva.

Para ajudar a entender melhor a aplicação desta ferramenta, Buchtik reforçou que o principal conteúdo da WBS deve ser os deliverables, ou seja, as entregas do projeto. Para fixarmos ainda mais este princípio, devemos pensar sempre que a WBS deve conter as "coisas" que podemos ver, pegar e medir; podendo ser traduzido também em tudo que é tangível, mas nunca, nunca devemos colocar tarefas na WBS.

Colocar tarefas na WBS é uma das principais confusões aplicadas, mas há outras, e para evitarmos o uso incorreto da WBS devemos:
  • Não vincular tarefas e muito menos sequenciamento de tarefas na WBS;
  • Não confundir WBS com cronograma ou diagrama de redes, ambos sim devem ser utilizados para o vinculo e sequenciamento de tarefas, não a WBS;
  • Não confundir WBS com organograma organizacional;
  • Não confundir o que deve ser feito para entregar o projeto, com o como deve ser feito. O papel da WBS é mostrar somente o que deve ser feito, e não como deve ser feito.
Com o objetivo de estimular e provocar o uso da WBS, Buchtik falou sobre os benefícios desta ferramenta, eu vou destacar apenas alguns dos citados por ela, mas há vários outros.
  • Entender o trabalho precocemente;
  • Evitar mudanças sem controle;
  • Entregar o que se espera;
  • Visualizar o trabalho interno e externo (outsourcing);
  • Visualizar os limites do projeto e entender as complexidades;
  • Ajuda a melhorar a execução do projeto;
  • Ajuda a explicar melhor os trabalhos do projeto;
  • Fundamenta e serve de base para contratações;
  • Melhora a comunicação entre a equipe do projeto;
  • Melhora o alinhamento das expectativas com os stakeholders, melhorando também o atendimento as expectativas;
  • Melhora o controle e a medição dos trabalhos do projeto.
Antes de finalizar a palestra, Buchtik deixou algumas dicas importantes que podem ser aplicadas a WBS, tais como:
  • O dicionário da WBS não é obrigatório, mas deve ser feito quando necessário, por exemplo em projetos grandes ou totalmente novos para a empresa;
  • Vincular os pacotes de trabalho da WBS com o cronograma através de um identificador;
  • Os seguintes softwares podem ser usados para a construção da WBS:
    • WBS Chart Pro (um dos mais baratos);
    • Mind View (mais utilizado para mapa mentais, mas também é bem usado para WBS);
    • WBS Director;
    • WBS Modeler (funciona com o MS Visio e é gratuíto).
Por fim, recebemos um recado muito importante, que soou quase como uma ordem, para praticarmos a WBS, experimentarmos sempre esta ferramenta, e não somente como auxílio para venda, mas como auxílio para o planejamento e controle do projeto. Praticar, praticar e praticar sempre!

obs: Para conhecer mais sobre a WBS (EAP), clique aqui e visite o item Criar a EAP na sessão Planejamento 1 deste mesmo blog.

domingo, 3 de abril de 2011

A Conferência - parte 3/5

No período da tarde uma palestra muito interessante e divertida entitulada de "Project Management Outsourcing: Threat or Opportunity", comandada pelo Croata Dino Butorac.

O objetivo da palestra foi debater entre todos os participantes os pontos positivos e negativos de se terceirizar os gerentes de projetos ao invés de mantê-los in-house, um termo bastante usado pelo croata em suas colocações.

Vou comentar um pouco sobre o que ele nos passou, e desafio você a analisar também a seguinte questão: "A terceirização do gerenciamento de projetos é uma ameaça ou uma oportunidade?".

O sr. Butorac nos ajudou a refletir muito sobre este tema nos oferecendo as seguintes afirmações baseadas em suas experiências e estudos anteriores:
  • Se for necessário, como podemos fazer esta terceirização:
    1. Definir as necessidades;
    2. Escolher os provedores de serviço, neste caso empresas de gerenciamento de projetos.
  • Benefícios incluídos:
    1. Aumentar e melhorar a prática do gerenciamento de projetos dentro de casa, trazendo experiências externas, sem os vícios já embutidos na organização;
    2. Diminuir as influências da política da organização no gerenciamento;
    3. Flexibilizar de custos.
  • Desvantagens:
    • Enfraquece o relacionamento entre gerente de projeto e a organização;
    • Pode gerar um desconforto no time de gerencimento de projetos interno, caso não seja bem claro e transparente este processo de terceirização;
    • Menor controle sobre as ações do time de gerenciamento externo;
Com isso a pergunta sobre ser uma ameaça ou uma oportunidade, é respondida com um simples e ao mesmo tempo complexo isso depende.

Depende sim, da estratégia da empresa, da maturidade do time interno de gerenciamento e do projeto específico, ficando a dica de que em projetos pequenos e curtos provavelmente a opção de usar um time interno seja mais oportuno.

O importante então, é pensar bem nos benefícios e ameaças da terceirização do gerenciamento de projetos e tomar esta decisão com transparência e clareza, tanto para organização contratante, quanto para a contratada.

Na sequência viajamos da Croácia para a Austrália, ao recebermos a australiana Brenda Treasure, com a palestra "Team Behaviours: How to break-through that understanding barrier".

Brenda nos prendeu com uma palestra sobre o comportamento das pessoas nos ambientes profissionais, focando principalmente no entendimento e liderança de um time, através de uma curiosa teoria que mostra como os profissionais se motivam e funcionam em grupo, e como podem ser identificados e separados em grupos de cores. Estas cores pertencem a teoria que fala dos estilos de valor motivacional, conhecida como MVS, parte integrante da ferramente SDI® (Strenght Deployment Inventory®), que ajuda as empresas a resolveram os problemas de comunicação e conflitos.

Ela começou falando que a efetividade de um time depende da qualidade do relacionamento de seus integrantes, o que pode levar ao sucesso ou fracasso de um projeto, além de destacar as seguintes características principais de um líder:
  • A liderança começa consigo mesmo;
  • Inspire e lidere seu time;
  • Seja um bom ouvinte;
  • Crie uma conexão real com os membros do seu time;
  • Motive seu time com entusiasmo;
Um conceito muito importante que a sra Treasure nos passou foi que a motivação é o que está dentro de nós, e o comportamento é que está externo e é o que os outros podem ver, então precisamos ter uma motivação, uma intenção e um comportamento para provocarmos mudanças que possam gerar um ambiente motivacional.

Outra questão abordada pela australiana foi que um bom líder deve identificar as características de seu time, conhecer a sua equipe, saber de suas limitações, defeitos e qualidade, e principalmente não tentar mudar o comportamento do grupo, no máximo mudar o seu próprio comportamento visando melhorar os relacionamentos, e através da sua própria mudança influenciar o comportamento do grupo.

O MVS é baseado na teoria da sensibilização do relacionamento, que foca principalmente em perceber os comportamentos através de um sistema de cores, diferenciando os comportamentos nas cores azul, vermelho, verde e um misto de cores, denominado hub.

Abaixo podemos ver uma uma representação gráfica do sistema de cores do MVS, e logo a seguir uma breve descrição sobre as características comportamentais que se enquadram em cada cor.

  • Azul: Autruísta-Orientador(alimentador)
    • Preocupado com a proteção, crescimento e bem-estar dos outros, esperando sempre pela oportunidade de ajudar quem precisa. 
    • É falante e divertido.
  • Red: Assertivo-Direcionado
    • Preocupado com a realização das tarefas, com a organização das pessoas, com o tempo, dinheiro e qualquer outro recurso para alcançar o resultado desejado.
    • Só se importa com os resultados.
  • Verde: Analítico-autônomo
    • Preocupado em garantir que as coisas tenham sido bem pensadas, que esteja tudo correto e bem detalhado, além de buscar a melhoria da qualidade.
    • É autoconfiante, independente e individualista.
  • Hub (mistura de cores): Flexível-Coerente
    • Preocupado com flexibilidade e adaptabilidade, além do bem-estar do grupo através de harmonia e consenso.
Além das cores citadas acima, há as misturas de azul-vermelho, vermelho-verde e verde-azul, onde as características são combinadas, e neste caso pode ser destacado que pouquissimas pessoas possuem apenas uma cor característica, mas sim mais de uma.

O mais importante de tudo isso é percebermos, principalmente como líderes, que o nosso time irá com certeza possuir integrantes com todas estas "cores", e caberá a nós identificá-las, destacá-las e gerar uma harmonia no relacionamento do grupo entre todos estes comportamentos.

Não devemos tentar mudar a nossa equipe, mas sim, fazê-la atingir o sucesso desejado e os resultados esperados, sabendo que não há uma "cor" melhor que a outra, e a verdade é que precisamos de todas e com certeza todas juntas se completam e possibilitam o surgimento de times fortes que podem obter muito sucesso juntos.

sábado, 2 de abril de 2011

A Conferência - parte 2/5

O primeiro dia foi iniciado com a palestra de Mark Langley entitulada de "The value of the strategic PMO".

O presidente e CEO do PMI EEUU (USA) falou sobre o potencial estratégico de se implantar um PMO, além de algumas dificuldades e barreiras a serem vencidas pelos escritórios de gerenciamento de projetos.

Dentre os pontos principais cito os seguintes que destaquei:
  • Uma implantação correta de um PMO leva de 6 meses a 2 anos, e como um de seus objetivos é tratar as mudanças e olhar para o futuro, normalmente a sua estrutura muda a cada 4 anos. Este formato pode ser frustante, mas é necessário. 
  • A relação do gerenciamento de projeto é circular dentro do PMO, sendo que quanto mais o escritório melhora, mais aumenta a sua capacidade de atendimento, aumentando ainda mais a pressão sobre os projetos, fazendo-o melhorar novamente e iniciar um novo ciclo.
  • Os três processos seguintes são estratégicos para o PMO e devem ser tratados:
    • Gestão do portfólio
      • Neste caso não deve ser uma ação apenas de priorização de projetos;
    • Maturidade
      • Deve ser o responsável pelos padrões de gerenciamento de projetos e principalmente pelo desenvolvimento dos gerentes, buscando uma maturidade da equipe e dos processos;
      • Praticar e manter um repositório de lições aprendidas;
      • Ser um Hub de aprendizado na organização;
      • Realizar Benchmarks internos.
    • Suporte compartilhado
      • Esta é uma prática de minimizar os esforços e custos compartilhando o gerenciamento.
Um dos pontos que me chamou a atenção na palestra do Langley, foi quando ele mencionou que atualmente não faltam apenas gerentes de projetos, falta principalmente cultura em gerenciamento de projetos, e o PMO é, e deve ser, uma forte arma na geração desta cultura.

Outra informação que merece destaque é que nos próximos anos esta estimado faltar 2 milhões de gerentes de projetos em todo o mundo, o que irá dificultar o trabalho em projetos, porém irá favorecer os bons profissionais e as boas organizações que valorizam o gerenciamento de projetos.

A última palestra da manhã foi comandada por Felipe Freitas Mello, da secretaria de Estado de Planejamento de Santa Catarina, onde o tema principal foi a "Importância do gerenciamento de projetos para o desenvolvimento das organizações".

O gerenciamento de projetos teve um papel fundamental no projeto de descentralização do Governo de Santa Catarina, e na adoção de práticas utilizadas pelo setor privado, que passaram a ser utilizadas no âmbito público.

Um dos marcos fortes da palestra foi o encerramento, onde o Sr. Felipe Freitas terminou dizendo belas palavras, das quais destaco as seguintes:
  • Seja alerta ao gerenciamento de projetos na sua vida, pois o gerenciamento de projetos na nossa vida é a matriz de todos os outros focos;
  • Ame o seu ofício, faça melhor e se fascine com o seu trabalho;
  • Quem faz tudo pelo único objetivo de obter dinheiro não consegue sucesso absoluto, lembre-se de Anita Garibaldi, Napoleão e Michelangelo, nenhum deles tinha o objetivo de enriquecer;
  • Gerenciar a sua vida traz mais fortuna do que tentar gerenciar a sua fortuna.

A Conferência - parte 1/5

A 1ª conferência internacional de gerenciamento de projetos ocorreu em Florianópolis nos dias 31 de março e 1 de abril, onde tive o prazer de estar presente como participante.

Como o objetivo principal da conferência era apresentar casos de sucesso em gerenciamento de projetos e o que as empresas brasileiras e estrangeiras estão aplicando em seus escritórios de projetos, eu não poderia deixar de começar as minhas considerações falando sobre o próprio projeto "Conferência Internacional de Gerenciamento de Projetos".

Em apenas uma palavra digo Sucesso. O projeto foi planejado e executado pelos voluntários do PMI de Santa Catarina, e gerenciado pela vice presidência do próprio PMI-SC. Quem esteve presente pode ver um projeto bem sucedido sendo executado, e com certeza gerando valor agregado a todos os participantes.

De acordo com a organização do evento houve em torno de 200 participantes inscritos, não houveram atrasos consideráveis em nenhuma das palestras, os temas foram muito bem selecionados mantendo o foco da conferência, e os palestrantes vindos do Paraguai, Uruguai, Argentina, EUA, Croácia, Austrália e Brasil trouxeram muito conhecimento, práticas e experiências aplicadas em seus países. Os idiomas principais do evento foram o inglês, o espanhol e o português, respectivamente, então não podiam faltar as equipes de tradutores e principalmente os equipamentos de recepção dos áudios traduzidos que foram distribuídos a todos os participantes que não quiseram confiar apenas em seus ouvidos brasileiros.

Detalhes não menos importantes como estacionamento próximo para todos, coffee break servido no horário e com qualidade, credenciamento bem organizado e rápido, e o funcionamento perfeito de todos os equipamentos eletrônicos envolvidos como projetores, áudio, microfones, equipamentos de tradução, mostram a eficiência de um planejamento de projetos, aliado a uma boa execução do que foi planejado atingindo um resultado eficaz.

Então, antes de falar sobre os convidados palestrantes, gostaria de deixar mais um parabéns a equipe organizadora do evento, foi um sucesso com certeza, e com todos que conversei tive a mesma resposta: "com certeza é um ótimo exemplo de gerenciamento de projetos".